sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Rumo ao Centro-Oeste de São Paulo

Para meu primeiro post, aproveitei um passeio de um dia que fiz pro início do interior de São Paulo. Sempre quis conhecer muito todo o interior do estado, e a região central é a que menos conheço. Assim, saí de casa com destino à região de Bauru e à estrada SP-300/Marechal Rondon.

Juntando o meu ÓDIO a pagar pedágio com o fato que em estradas vicinais você acaba vendo coisas que você não consegue ver em auto-estradas a 100, 120km/h, fui primeiro em direção à Itu pela Estrada dos Romeiros, a SP-312. De Itu, seguiria até onde eu conseguisse pela SP-300.

Bem, segui pela SP-312 a partir de Barueri. Passei, necessariamente, pelo centro de Santana de Parnaíba. Consegui visualizar a barragem Edgard de Souza, primeira hidrelétrica a fornecer energia para a cidade de São Paulo e que ainda permanece em funcionamento. Por causa de todo o esgoto do Tietê, o cheiro da água sobe facilmente até a estrada. Passando pelo centro, pude notar que a cidade tem mantido as construções históricas razoavelmente conservadas - afinal de contas, o local é considerado berço dos bandeirantes, já que as expedições para o interior de São Paulo nos tempos coloniais partiam dali.

Após Santana de Parnaíba, segue-se para Pirapora do Bom Jesus. Estrada sinuosa, cortando o início da Serra do Japi e seguindo em alguns lugares muito próxima ao Rio Tietê. Consegue-se ver várias áreas pantanosas, que o rio encharca em suas cheias. O mau cheiro do rio persegue o tempo todo. Pouco antes de chegar ao centro da cidade, avista-se a Barragem de Pirapora, que funciona em conjunto com a Usina de Rasgão. A Barragem acumula água para colocar em funcionamento os motores da Usina; as duas construções foram feitas em trechos sinuosos e estreitos entre Pirapora e Cabreúva, onde o Tietê corre mais rápido devido ao desnível de altitude encontrado entre Santana de Parnaíba e Itu. Falarei novamente sobre a Usina, daqui a pouco.

Chegando ao centro de Pirapora do Bom Jesus, vê-se uma cidade muito pobre, mal-cuidada e mal-cheirosa. Devido à vertente da Barragem, acumula-se muita espuma no rio (devido ao uso indiscriminado de detergentes) e o Tietê cheira muito mal. Em alguns casos, se a abertura das vertentes não for controlada a espuma atinge as ruas da cidade, e isso tem atrapalhado MUITO o turismo, principal atividade econômica.

Após o centro e a obrigatória passagem para o outro lado do rio, a SP-312 começa a subir os morros, e quando ela se estabiliza consegue-se enxergar o paredão enorme da Serra do Japi à frente, e atrás outro paredão de serra entre Pirapora e Araçariguama. No meio dos dois paredões, o Tietê corre pelos desfiladeiros.

E eis que pouco depois surge a estrada até a Usina do Rasgão - ela se chama assim, pois os bandeirantes, em busca de ouro, fizeram um desvio no leito original do rio e acabaram chamando-o de Rasgão. Tentei acessar ao menos uma parte da Usina, mas o acesso é proibido. Ela fica em uma área praticamente inacessível de qualquer modo, e conseguir ao menos uma foto dela, nem que seja na internet é muito difícil; não há fotos nem no Google Earth.

Voltando à SP-312, após várias curvas fechadas e descida novamente, eis que o Tietê surge mais uma vez, à esquerda; percebe-se que ele corre rapidamente nesta área. Há um parque linear neste ponto, com locais para piqueniques e banheiros.

Rio Tietê ao lado da Estrada Pirapora-Cabreúva, próximo ao Bairro do Bananal

Chegamos assim ao Bairro do Bananal, já na cidade de Cabreúva. É um pequeno povoado, onde se podem encontrar charretes que levam os turistas até Pirapora. Neste ponto do percurso, notam-se vários córregos de águas limpas desaguando no Tietê. Saindo do bairro, deixamos de avistar o Tietê, que entra em um desfiladeiro à esquerda e corre por trás da cidade de Cabreúva.

E alguns kilômetros à frente, encontramos o centro de Cabreúva. Cidade pequena, dependente do comércio local e das indústrias de Itú. Há vários campings espalhados pela SP-312, pois há um fluxo razoável de turistas para conhecer as cachoeiras da região.

Saindo do centro e seguindo para Itu, alguns kilômetros a frente encontramos novamente o Tietê e adentramos a Estrada do Parque, área protegida pela APA Tietê Itú-Cabreúva. Há alguns atrativos nesta parte do trajeto, como a Gruta da Glória, e algumas cachoeiras fincadas na Serra do Japi.

Depois do percurso de aproximadamente 20km, chega-se em Itú. Assim que a cidade é contornada, a depressão periférica do estado de São Paulo aparece e você consegue enxergar longos kilômetros de planícies. Como eu já conhecia a cidade, peguei as interligações das estradas até a SP-300, e segui direto para Porto Feliz.

Não há muita área rural entre Itu e Porto Feliz, e se o crescimento das duas cidades continuar no mesmo ritmo, em alguns anos poderemos notar uma conurbação entre essas cidades.

A cidade de Porto Feliz tem em torno de 50 mil habitantes, um centro com ruas estreitas e pequenas. Isso pode ser explicado na fundação da cidade, pois o povoado começou a ser formado por volta de 1700, e utilizado como ponto de apoio nas expedições dos bandeirantes em direção ao interior. O Rio Tietê aparece no fundo do Parque das Monções, ainda sujo porém menos mal-cheiroso. Aparentemente, parte da população depende economicamente das indústrias localizadas em Itu.

Praça da Matriz, Porto Feliz

De Porto Feliz, segui para a cidade de Tietê. São aproximadamente 25 km de estrada, separados pelo primeiro pedágio do caminho, ao custo de R$ 4,75 - valor absurdamente caro, para uma estrada com pista de mão dupla, e conservação mediana. Neste ponto do percurso começam a aparecer plantações de milho de empresas internacionais, com cultivo controlado e transgênico.

Tietê é conhecida como "cidade jardim", pois encontramos diversas alamedas e jardins em toda a cidade. Sua praça principal, a "Praça Dr. Elias Garcia", foi construída em 1852 e reconhecida recentemente como a mais bonita de toda a América Latina. De fato, é muito bonita, com várias espécies diferentes de flores e árvores, e muito bem cuidada. É ponto de encontro da cidade, com alguns barzinhos e lanchonetes ao redor. E com o calor infernal, nada melhor do que tomar um Frozen Yogurt enorme e tão bom quanto o da Yogoberry por simplórios R$ 4,50!

Praça Dr. Elias Garcia, Tietê

Possuindo em torno de 40 mil habitantes, a cidade é bem distribuída e plana, e em uma primeira impressão parece maior que Porto Feliz. Andando pela ponte que passa por cima do Rio Tietê, já não sentimos o cheiro característico que encontramos na região metropolitana de São Paulo, e por causa das chuvas o rio estava muito barrento.

Rio Tietê, cidade de Tietê

No fim da tarde, com o sol quase no poente, decidi esticar um pouco mais e ir até Laranjal Paulista. São mais 25 km, sem pedágio no trecho, divididos pela cidade de Jumirim - não cheguei a entrar na cidade, mas me pareceu bastante pequena.

Laranjal Paulista é a menor cidade dentre as que passei. Fica em um vale do lado esquerdo da SP-300, e a essa altura o Rio Tietê se deslocou para o Norte, em direção à Anhembi. Apesar do nome, a economia da cidade está voltada principalmente para a produção de brinquedos, sendo hoje a terceira maior produtora de brinquedos do estado; além disso, há cultura de cana-de-açúcar e pecuária.

Praça central de Laranjal Paulista, com o coreto e a Igreja Matriz ao fundo

Já era noite e meu estômago pedia por comida; procurei algum restaurante simples, mas só encontrei lanchonetes e barzinhos - estão todos juntos na praça central da cidade, onde há vários quiosques de comidas e doces. Assim, minha janta acabou sendo uma coca e dois salgados. Mas o calor pedia algumas cervejas e um banquinho virado pra rua, para ver o movimento; pena estar desacompanhado nessas horas.

Pensei em ir até Conchas, Anhembi e Botucatu. Mas além de andar mais 200 km de ida e volta, haviam mais dois pedágios de R$ 4,75 ida e volta até Botucatu, encarecendo muito o passeio. Decidi, por fim, pegar o mesmo caminho de volta para casa.

No total, foram 380km ida e volta. De São Paulo até Laranjal Paulista, são 150km pelo caminho que fiz, levando em torno de 3 horas para chegar até lá. Para quem não se importa com o tempo de viagem ou de andar devagar nas estradas, é uma boa alternativa para economizar em pedágio - o percurso direto pela Castello Branco e SP-127 são R$ 15 de ida mais R$ 18 pela volta.

Peço desculpas pela qualidade das fotos, que estão muito ruins. Mas estava sem minha máquina fotográfica, e só com o celular.

Próxima parada: quem sabe?

2 comentários:

  1. Pô faltou toda a descrição geológica do estado saindo de são paulo para chegar até Bauru, como você pode esquecer que estava sobre um antigo deserto cheio de derrames basálticos?

    hahahahahahha

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk!

    Quando eu fui, eu não esqueci.
    É que precisa ser uma coisa mais didática, né?
    Imagina se eu colocar que eu tava passado pelo "deserto de derrames basálticos"? O povo vai achar que eu tomei coisas ilícitas e viajei na maionese huahuahuahuauha

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