segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Circuito das águas paulistas: Serra Negra

Aproveitando a estadia de um casal de amigos em Serra Negra, fui, desta vez acompanhado, até a cidade de Serra Negra para almoçar em galera. Saímos de São Paulo em um domingo ensolarado, em direção ao chamado Circuito das Águas de São Paulo. A rota de ida: Rodovia dos Bandeirantes/Anhanguera até Jundiaí, e a SP-360 (que possui diversas denominações no percurso) até Serra Negra.

Até Jundiaí, sem grandes novidades. A Bandeirantes é uma das melhores estradas do Brasil inteiro, cortando partes da Serra do Japi até seu entroncamento com a Anhanguera, já em Jundiaí.

Da Anhanguera, saímos em direção à Itatiba. São aproximadamente 30 km de Jundiaí à Itatiba, e a estrada está passando por reformas: duplicação de trechos, recapeamento asfáltico, e óbvio, implantação de pedágio de R$ 1,85 tanto na ida, quanto na volta. A estrada desemboca diretamente no centro de Itatiba, e some dentro dela. É necessário dar algumas voltas pelo centro para sair novamente em direção ao Circuito das Águas.

Itatiba é uma cidade agradável, bem cuidada e com um comércio turístico muito interessante. Muitos doces, muito artesanato local e os famosos móveis de madeira. Aliás, falando em madeira, a fábrica de palitos Gina foi fundada lá, em 1945. Até alguns anos atrás era possível avistar a placa da fábrica alguns kilômetros antes da entrada da cidade; desta vez, achei a fábrica, mas não a placa.

Encontramos também um comércio para a classe média que frequenta o município, como restaurantes e padarias com "padrão São Paulo", concessionárias de automóveis e até o McDonalds.

Saindo de Itatiba, pegamos a SP-360 novamente em direção à Morungaba. A paisagem já muda um pouco, e na primeira parte do percurso é possível avistar plantações de milho da SynGenta - empresa Suíça resultante da junção da Novartis com a Astra-Zeneca - que manipula e seleciona as sementes a serem plantadas. Após as plantações de milho já avistamos várias árvores frutíferas, e entre elas há pêssego, laranja, maracujá e principalmente, figo. Percebe-se no ar a mudança dos cheiros.

Morungaba é uma pequena cidade incrustada em um vale ao pé da Serra das Cabras (que faz divisa com Campinas), e a partir da metade da década de 90 tornou-se estância climática do estado de São Paulo, recebendo maiores verbas para a diversificação do turismo. Passando pelo centro, podemos encontrar alguns restaurantes, parques e algumas pousadas e hotéis.

Deste ponto em diante, a SP-360 é tombada e reconhecida como de reconhecido valor paisagístico, pelos contornos entre as plantações e a grande flora encontrada na beira da estrada. Metade do percurso é realizado no meio da serra que separa Morungaba de Amparo, e como choveu muito no mês de janeiro, conseguimos avistar várias pedras descidas da encosta e em um determinado ponto da estrada, uma das faixas foi consumida pela erosão causada pelo escoamento das águas. As curvas são extremamente fechadas, e há várias subidas e descidas.

Desbarrancamento na SP-360

Após quase 40km de estrada, chegamos em Amparo. Mais uma vez, a estrada some pelo centro da cidade e só reaparece do outro lado, já em direção à Serra Negra. A cidade é muito bem organizada, com ruas largas e diversos parques para a população. No centro, encontram-se diversos barzinhos e restaurantes bem movimentados no final de semana.

A SP-360 recortando as serras entre Amparo e Serra Negra

Continuamos na SP-360, desta vez ao ponto final da viagem. A estrada torna-se um pouco menos sinuosa, porém as curvas ainda são muito fechadas. Depois de quase 20km, chegamos ao centro de Serra Negra.

Como se passaram 12 anos desde a última vez que estive na cidade, pude notar grande desenvolvimento. Ruas mais bem-cuidadas, hotéis e pousadas com fachadas limpas, e uma grande diversidade de restaurantes. A rua principal abriga grande parte do comércio local, entre estes várias lojas de doces, bebidas, artesanatos e malhas. Na praça principal encontramos o burburinho da cidade, com alguns barzinhos e mesinhas para sentar e assistir ao movimento.

Almoçamos em um restaurante self-service na Rua 7 de Setembro, e depois demos uma volta pelas lojas. Se estiver a fim de gastar dinheiro e engordar, aproveite para levar os doces em conserva que são MUITO bons, e os licores das casas de bebidas. Vale a pena também os vinhos caseiros, suaves na maioria das vezes. E claro, confecções – principalmente roupas e bordados.

Há também algumas fontes de água pela cidade, bem cuidadas e limpas. Em todas elas estão as características da água e sua composição mineral. Vale MUITO a pena levar uma garrafinha pra encher, pois elas costumam ser bem fresquinhas!

Fonte dos Italianos, bem no centro de Serra Negra

Pela tarde, subimos no Cristo para apreciar a vista, tomar uma cerveja bem gelada e jogar conversa fora. Aliás, queria muito ter subido de teleférico, mas com a ida e volta a R$ 10,00 e estando em quatro pessoas, não valeria a pena e estávamos muito pobres. Hahaha! Mas valeu a pena.

Vista da cidade a partir do Cristo

Na volta à São Paulo, caminho diferente: de Amparo, saí à esquerda e fui pela SP-095, que vai até Bragança Paulista. Até lá, são aproximadamente 40km de estrada castigada pelas recentes chuvas, mas com menores rampas de subida e descida e bem menos curvas. No meio do trajeto, encontramos a cidade de Tuiuti, predominantemente rural e dependente da agricultura e pecuária.

Chegando em Bragança, é necessário passar pelo centro. Como era noite, a única coisa que pude observar é que é uma cidade muito movimentada e razoavelmente grande, com uma boa vida noturna - passei por diversos barzinhos e restaurantes ainda abertos. As ruas são largas e bem sinalizadas, e a verticalização da cidade está em pleno desenvolvimento, com vários anúncios de apartamentos e condomínios empresariais.

Depois de quase 50km entre Amparo e Bragança, entramos na Fernão Dias e viemos direto para São Paulo. Apesar da SP-095 um pouco mal conservada, é vantajoso utilizá-la para chegar ao Circuito das Águas de São Paulo, pois há menos curvas e desníveis a serem vencidos, e não precisamos pagar os R$ 6,35 de pedágio da Rodovia dos Bandeirantes.

Enfim, haveria ainda muito a explorar neste passeio. As três principais cidades do Circuito das Águas (Morunbaga, Amparo e Serra Negra) são muito hospitaleiras e com diversas opções de entretenimento ambiental a ser realizados. Em Morungaba, por exemplo, há diversas opções de esportes radicais a serem feitos no Rio Jaguari, que corta a cidade.

Até a próxima!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Rumo ao Centro-Oeste de São Paulo

Para meu primeiro post, aproveitei um passeio de um dia que fiz pro início do interior de São Paulo. Sempre quis conhecer muito todo o interior do estado, e a região central é a que menos conheço. Assim, saí de casa com destino à região de Bauru e à estrada SP-300/Marechal Rondon.

Juntando o meu ÓDIO a pagar pedágio com o fato que em estradas vicinais você acaba vendo coisas que você não consegue ver em auto-estradas a 100, 120km/h, fui primeiro em direção à Itu pela Estrada dos Romeiros, a SP-312. De Itu, seguiria até onde eu conseguisse pela SP-300.

Bem, segui pela SP-312 a partir de Barueri. Passei, necessariamente, pelo centro de Santana de Parnaíba. Consegui visualizar a barragem Edgard de Souza, primeira hidrelétrica a fornecer energia para a cidade de São Paulo e que ainda permanece em funcionamento. Por causa de todo o esgoto do Tietê, o cheiro da água sobe facilmente até a estrada. Passando pelo centro, pude notar que a cidade tem mantido as construções históricas razoavelmente conservadas - afinal de contas, o local é considerado berço dos bandeirantes, já que as expedições para o interior de São Paulo nos tempos coloniais partiam dali.

Após Santana de Parnaíba, segue-se para Pirapora do Bom Jesus. Estrada sinuosa, cortando o início da Serra do Japi e seguindo em alguns lugares muito próxima ao Rio Tietê. Consegue-se ver várias áreas pantanosas, que o rio encharca em suas cheias. O mau cheiro do rio persegue o tempo todo. Pouco antes de chegar ao centro da cidade, avista-se a Barragem de Pirapora, que funciona em conjunto com a Usina de Rasgão. A Barragem acumula água para colocar em funcionamento os motores da Usina; as duas construções foram feitas em trechos sinuosos e estreitos entre Pirapora e Cabreúva, onde o Tietê corre mais rápido devido ao desnível de altitude encontrado entre Santana de Parnaíba e Itu. Falarei novamente sobre a Usina, daqui a pouco.

Chegando ao centro de Pirapora do Bom Jesus, vê-se uma cidade muito pobre, mal-cuidada e mal-cheirosa. Devido à vertente da Barragem, acumula-se muita espuma no rio (devido ao uso indiscriminado de detergentes) e o Tietê cheira muito mal. Em alguns casos, se a abertura das vertentes não for controlada a espuma atinge as ruas da cidade, e isso tem atrapalhado MUITO o turismo, principal atividade econômica.

Após o centro e a obrigatória passagem para o outro lado do rio, a SP-312 começa a subir os morros, e quando ela se estabiliza consegue-se enxergar o paredão enorme da Serra do Japi à frente, e atrás outro paredão de serra entre Pirapora e Araçariguama. No meio dos dois paredões, o Tietê corre pelos desfiladeiros.

E eis que pouco depois surge a estrada até a Usina do Rasgão - ela se chama assim, pois os bandeirantes, em busca de ouro, fizeram um desvio no leito original do rio e acabaram chamando-o de Rasgão. Tentei acessar ao menos uma parte da Usina, mas o acesso é proibido. Ela fica em uma área praticamente inacessível de qualquer modo, e conseguir ao menos uma foto dela, nem que seja na internet é muito difícil; não há fotos nem no Google Earth.

Voltando à SP-312, após várias curvas fechadas e descida novamente, eis que o Tietê surge mais uma vez, à esquerda; percebe-se que ele corre rapidamente nesta área. Há um parque linear neste ponto, com locais para piqueniques e banheiros.

Rio Tietê ao lado da Estrada Pirapora-Cabreúva, próximo ao Bairro do Bananal

Chegamos assim ao Bairro do Bananal, já na cidade de Cabreúva. É um pequeno povoado, onde se podem encontrar charretes que levam os turistas até Pirapora. Neste ponto do percurso, notam-se vários córregos de águas limpas desaguando no Tietê. Saindo do bairro, deixamos de avistar o Tietê, que entra em um desfiladeiro à esquerda e corre por trás da cidade de Cabreúva.

E alguns kilômetros à frente, encontramos o centro de Cabreúva. Cidade pequena, dependente do comércio local e das indústrias de Itú. Há vários campings espalhados pela SP-312, pois há um fluxo razoável de turistas para conhecer as cachoeiras da região.

Saindo do centro e seguindo para Itu, alguns kilômetros a frente encontramos novamente o Tietê e adentramos a Estrada do Parque, área protegida pela APA Tietê Itú-Cabreúva. Há alguns atrativos nesta parte do trajeto, como a Gruta da Glória, e algumas cachoeiras fincadas na Serra do Japi.

Depois do percurso de aproximadamente 20km, chega-se em Itú. Assim que a cidade é contornada, a depressão periférica do estado de São Paulo aparece e você consegue enxergar longos kilômetros de planícies. Como eu já conhecia a cidade, peguei as interligações das estradas até a SP-300, e segui direto para Porto Feliz.

Não há muita área rural entre Itu e Porto Feliz, e se o crescimento das duas cidades continuar no mesmo ritmo, em alguns anos poderemos notar uma conurbação entre essas cidades.

A cidade de Porto Feliz tem em torno de 50 mil habitantes, um centro com ruas estreitas e pequenas. Isso pode ser explicado na fundação da cidade, pois o povoado começou a ser formado por volta de 1700, e utilizado como ponto de apoio nas expedições dos bandeirantes em direção ao interior. O Rio Tietê aparece no fundo do Parque das Monções, ainda sujo porém menos mal-cheiroso. Aparentemente, parte da população depende economicamente das indústrias localizadas em Itu.

Praça da Matriz, Porto Feliz

De Porto Feliz, segui para a cidade de Tietê. São aproximadamente 25 km de estrada, separados pelo primeiro pedágio do caminho, ao custo de R$ 4,75 - valor absurdamente caro, para uma estrada com pista de mão dupla, e conservação mediana. Neste ponto do percurso começam a aparecer plantações de milho de empresas internacionais, com cultivo controlado e transgênico.

Tietê é conhecida como "cidade jardim", pois encontramos diversas alamedas e jardins em toda a cidade. Sua praça principal, a "Praça Dr. Elias Garcia", foi construída em 1852 e reconhecida recentemente como a mais bonita de toda a América Latina. De fato, é muito bonita, com várias espécies diferentes de flores e árvores, e muito bem cuidada. É ponto de encontro da cidade, com alguns barzinhos e lanchonetes ao redor. E com o calor infernal, nada melhor do que tomar um Frozen Yogurt enorme e tão bom quanto o da Yogoberry por simplórios R$ 4,50!

Praça Dr. Elias Garcia, Tietê

Possuindo em torno de 40 mil habitantes, a cidade é bem distribuída e plana, e em uma primeira impressão parece maior que Porto Feliz. Andando pela ponte que passa por cima do Rio Tietê, já não sentimos o cheiro característico que encontramos na região metropolitana de São Paulo, e por causa das chuvas o rio estava muito barrento.

Rio Tietê, cidade de Tietê

No fim da tarde, com o sol quase no poente, decidi esticar um pouco mais e ir até Laranjal Paulista. São mais 25 km, sem pedágio no trecho, divididos pela cidade de Jumirim - não cheguei a entrar na cidade, mas me pareceu bastante pequena.

Laranjal Paulista é a menor cidade dentre as que passei. Fica em um vale do lado esquerdo da SP-300, e a essa altura o Rio Tietê se deslocou para o Norte, em direção à Anhembi. Apesar do nome, a economia da cidade está voltada principalmente para a produção de brinquedos, sendo hoje a terceira maior produtora de brinquedos do estado; além disso, há cultura de cana-de-açúcar e pecuária.

Praça central de Laranjal Paulista, com o coreto e a Igreja Matriz ao fundo

Já era noite e meu estômago pedia por comida; procurei algum restaurante simples, mas só encontrei lanchonetes e barzinhos - estão todos juntos na praça central da cidade, onde há vários quiosques de comidas e doces. Assim, minha janta acabou sendo uma coca e dois salgados. Mas o calor pedia algumas cervejas e um banquinho virado pra rua, para ver o movimento; pena estar desacompanhado nessas horas.

Pensei em ir até Conchas, Anhembi e Botucatu. Mas além de andar mais 200 km de ida e volta, haviam mais dois pedágios de R$ 4,75 ida e volta até Botucatu, encarecendo muito o passeio. Decidi, por fim, pegar o mesmo caminho de volta para casa.

No total, foram 380km ida e volta. De São Paulo até Laranjal Paulista, são 150km pelo caminho que fiz, levando em torno de 3 horas para chegar até lá. Para quem não se importa com o tempo de viagem ou de andar devagar nas estradas, é uma boa alternativa para economizar em pedágio - o percurso direto pela Castello Branco e SP-127 são R$ 15 de ida mais R$ 18 pela volta.

Peço desculpas pela qualidade das fotos, que estão muito ruins. Mas estava sem minha máquina fotográfica, e só com o celular.

Próxima parada: quem sabe?

Olá!

Seja bem-vindo ao meu blog.

Criei este espaço para reunir informações a respeito das minhas viagens por aí, e para falar um pouco dos aspectos dos locais que encontro no meio do caminho.

Como eu gosto muito de colocar o pé na estrada e conhecer lugares novos, achei interessante documentar tudo isso, caso eu venha a utilizar alguma dessas informações no futuro. De quebra, vocês podem acompanhar meu surto "caminhoneiro", e quem sabe, tirar roteiros pra alguma viagem que queiram fazer.

Além de tudo isso, ainda terei um trabalho de conclusão de curso e de repente posso extrair alguma coisa daqui. Afinal de contas, serão pelo menos mais 4 anos de curso, e pretendo encher bastante este blog até lá.

Só espero não ficar preso em São Paulo durante muito tempo, daí este blog vai ficar muito desatualizado... hahaha!

Pretendo também interagir com quem me acompanha, pois preciso decidir pra onde ir e de vez em quando são muitas opções... tem um lance chamado "Enquete" aqui no blogspot que provavelmente vai me ajudar um pouco!

Portanto, "caminhoneiros" de plantão: fiquem ligados! rsrs.